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Como ajudar seu aluno a desenvolver a criatividade na era das inteligências artificiais? 

 

Se você é professora ou professor e ainda não ouviu a pergunta do título acima, te garanto que mais cedo ou mais tarde isso irá acontecer. Pode até ser que até lá a ferramenta da vez não seja mais o ChatGPT, mesmo assim, as inteligências artificiais chegaram pra ficar. 

Richard Riley, ex secretário de educação do governo Clinton, disse que estamos preparando nossos alunos para empregos que ainda não existem, para usar tecnologias que ainda não foram inventadas e para resolver problemas que ainda não conhecemos. Sendo assim, se torna cada vez mais importante refletirmos sobre o papel da educação no desenvolvimento da criatividade dos nossos alunos neste cenário. Mas, o que é ensinar criatividade?

O educador britânico Sir Ken Robinson dizia que ensinar criatividade é um pouco diferente do ensino de determinados conteúdos. Quando estamos ensinando equações matemáticas, temos um conteúdo tangível, ao passo que quando ensinamos criatividade, precisamos criar situações nas quais nossos alunos tenham que praticar sua habilidade de identificar e solucionar problemas. E como fazer isso quando temos uma ferramenta que faz uma curadoria de todo conhecimento da humanidade sobre determinado assunto em segundos?

O famoso poeta americano T. S. Eliot nos dá uma pista em sua obra “The Sacred Wood”, ele diz que…

“poetas imaturos imitam; poetas maduros roubam; poetas ruins desfiguram o que pegam e poetas bons transformam em algo melhor, ou pelo menos diferente. O bom poeta amálgama o seu furto a um conjunto sensível que é único, completamente diferente daquele de onde foi removido.”

Eliot já nos aponta um caminho. Ser criativo talvez esteja mais associado com as combinações que você faz do que já conhece ou já existe para resolver um problema ou necessidade do que necessariamente a criação de algo totalmente novo.

O escritor americano Jonathan Lethem disse que quando as pessoas chamam algo de “original”, nove entre dez vezes elas não conhecem as referências ou as fontes originais envolvidas. O também escritor americano Austin Kleon escreveu um livro chamado “Roube como um artista”, onde afirma que “todo trabalho criativo é construído sobre o que veio antes. Nada é totalmente original”. A autora dinamarquesa Dorte Nielsen juntamente com a autora americana Sarah Thurber, afirmam em seu livro “The secret of the highly creative thinker”, que criatividade é a habilidade de fazer conexões entre ideias que já existem. 

Uma das etapas da abordagem do Design Thinking é justamente colher conhecimento no mundo relacionado ao problema ou questão que você deseja resolver. Talvez seja esta etapa que as inteligências artificiais irão facilitar para nós. Alguns pesquisadores têm chamado esse fenômeno de copiloting, onde as inteligências artificiais funcionam como uma força auxiliar. Contudo, o mundo ainda precisará de quem tenha empatia para identificar problemas na sociedade e determinação para procurar soluções para esses problemas.

Perguntei ao chatGPT se ele achava que as inteligências artificiais iriam acabar com a criatividade. Ele me respondeu que não tinha opiniões e crenças, mas que muitos especialistas acreditam que as IAs devem ampliar e não acabar com a criatividade. Para ele, isso se dá pelo fato de que elas são capazes de automatizar algumas tarefas, no entanto, não podem substituir a criatividade humana inteiramente, já que esta envolve muitos fatores essencialmente humanos como imaginação, intuição, contexto cultural, inteligência emocional e a habilidade de se arriscar. Acho que esta lista já nos deixa uma pista sobre a função da escola nesse cenário. 

Sobre o futuro da educação, o chat respondeu que mesmo que a tecnologia e até mesmo outros fatores tenham um papel significativo nesse futuro, a missão principal da educação continuará a mesma: “preparar pessoas para uma vida bem sucedida e feliz, além de contribuir para um futuro melhor para todos.

Referências

ELIOT, T. S. The Sacred Wood: essays on poetry and criticism. London: Mint Editions, 2021.

KLEON, Austin. Roube como um artista: 10 dicas sobre criatividade. Rio de Janeiro: ROCCO, 2013. 

NIELSEN, Dorte; THURBER, Sarah. The secret of the highly creative thinker: how to make connections others don’t. Amsterdam: BIS Publishers, 2017.

 

Texto escrito por:

Flávio Barreto

Coordenador acadêmico

TransFor.Me

 

Foto de capa

CDC na Unsplash

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